quarta-feira, 20 de junho de 2007
Mangabofobia
por Sérgio Rodrigues, Esta é uma história triste. Um amigo meu, homem feito, historiador de algum renome, vive o constrangimento e a desonra de, apesar dos apelos lacrimosos da mulher e de suas duas adoráveis filhas pequenas, se recusar a abrir a porta do banheiro onde se trancou num surto de irracionalidade ontem à tarde, depois que viu na televisão o discurso de posse de Mangabeira Unger no ministério. Em sua própria definição de homem culto, embora obviamente confuso, o coitado está sofrendo de “mangabofobia”, neologismo com o qual pretende dar conta não de uma aversão a mangabas, frutos meio antipáticos mas inofensivos da mangabeira, e sim do pânico que lhe inspiram o catedrático de mesmo nome e seu estilo oratório copiado – isso garante meu amigo, estudioso da Segunda Guerra – dos trejeitos de Benito Mussolini: queixo projetado, boca desenhando um U de cabeça para baixo, peito cheio como o de um galo de briga, voz projetada com arrogância e olhos varrendo a audiência, desafiadores, em pequenos arrancos de boneco de mola. Hoje deve chegar o pessoal com a camisa-de-força.
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